quarta-feira, 29 de junho de 2011

Entrevista de Marcos Abranches à Assessoria de imprensa do FILO

NA DANÇA A SUPERAÇÃO DO CORPO


Bailarino e coreógrafo paulista trabalha com a superação, levando ao palco “D...Equilíbrio”, espetáculo que reafirma a condição humana de todos serem iguais. Às 20 horas, na Funcart ...

Bailarino questiona idealização do corpo na dança (Foto: Divulgação)

O bailarino e coreógrafo paulista Marcos Abranches apresenta na Funcart nesta última noite do FILO 2011, às 20 horas, “D… Equilíbrio”. Com esta montagem, ele – que é deficiente físico – traz à cena não somente o gosto pela dança, mas uma mensagem implícita de que os caminhos das possibilidades estendem-se para todos. Basta tomar a si o encargo de caminhar.

Como uma peça que não se concluiu – igual à própria vida, sempre em construção – o espetáculo tem um roteiro desenhado pelo autor que preenche 80% de sua duração; outros 20% foram destinados à improvisação. Conforme a resposta da plateia e a consequente energia que emana do momento, o improviso pode durar mais. Ou menos.

Abranches dedicou cerca de dois anos em pesquisas até sentir-se apto a colocar “D… Equilíbrio” no palco. Está com ele em cena há cinco anos, sendo visto não somente no Brasil, como também no exterior. Há duas semanas apresentou-se em Dusseldorf, na Alemanha.

“D…Equilíbrio” inspirou-se especialmente no filme “Bicho de Sete Cabeças”, de Laís Bodanzky, adaptado do livro “Canto dos Malditos” de Austregésilo Carrano, que tem na superação o tema recorrente. O bailarino chegou a conhecer o escritor. Após a morte de Carrano, em 2008, Marcos Abranches sentiu que o espetáculo sofreu uma transformação sutil, porém palpável. “Cresceu muito, não só a parte técnica, como também a artística”.

Um dos motivos que levam o artista ao palco é o seu desejo de “poder trabalhar o ponto de equilíbrio das pessoas, do ser humano em geral”, confessa. Generoso, quer partilhar com os outros sua visão de vida, focada no ato da libração – palavra que define o movimento oscilante de um corpo até tornar-se equilibrado. “Talvez seja realmente esta a minha missão. Quando Deus colocou a dança em minha vida, não me perguntou se eu a queria ou não. Simplesmente colocou.” Os anos seguintes deram-lhe todas as respostas.

A dança é uma oportunidade que Marcos Abranches tem de discorrer sobre essa filosofia que carrega – a de disponibilizar-se a abraçar a vida.

A deficiência física da qual é portador não faz de Marcos Abranches um diferente, e esse é outro ponto de honra de sua profissão como bailarino, e como cidadão. A igualdade está presente em si, a palavra “deficiência”, percebe-se, é usada pela falta de outra mais apropriada. Deficiência, para ele, é a infelicidade, ausência de perspectivas, derrotas que a pessoa cria para si.

Marcos Abranches, que é fundador da Cia. Vidança, ensaia no momento um novo trabalho – já mostrado em 2007 – que deverá chegar aos palcos ainda este ano. Ampliará, assim, sua carreira solo. Hoje, quando “D…Equilíbrio” chegar ao fim no palco da Funcart, mais uma vez o bailarino terá cumprida uma parte de sua missão. Ele conta ao término de cada apresentação sente-se “bastante aliviado da tensão de entrar em cena. Recebo emoção das pessoas e deixo no palco sentimento, emoção, alegria, tristeza. Todo tipo de sentimento que carrego”.

Zeca Corrêa Leite / Assessoria de imprensa FILO

Nenhum comentário:

Postar um comentário